sábado, 10 de fevereiro de 2018

Trabalhar-se

Houve uma discussão que ficou pendurada lá quando tentávamos definir trabalho, e ela me é cara, por isso a retomo. 

Trabalho pode ser individual? 

Há um símbolo maçônico, chamado o jovem aprendiz, que mostra o corpo de um homem "preso" em uma pedra bruta. Este homem vai tentando "se libertar" da pedra com martelo e cinzel. Quer dizer, não é bem assim o símbolo...

O que está havendo ali é a autolapidação do homem. Ele era todo pedra bruta. O exercício maçônico de toda uma vida é se trabalhar para se transformar em um homem de verdade, inteiro, honesto, cumpridor do seu dever, do seu ofício, ajudante da comunidade.

Devemos olhar o trabalho por este ângulo, sempre. Trabalho é algo que dignifica o homem. Johann Wolfgang von Goethe, icônico poeta alemão, achava que sem o trabalho não seria possível a maturidade. 

Ele nos dá dinheiro? É bom. Ajuda a pagar as contas? Que bom! Nos permite o lazer? Tanto melhor. Contudo, o que há de maior no trabalho é: nos torna homens e mulheres artífices de nós mesmos e da sociedade. Não ter que ser um peso morto para alguém, mas uma obra de arte dinâmica que ajuda o coletivo a crescer. 

É triste quando as condições sociais não permitem essa realização, quando as taxas de desemprego aumentam e devoram os que tem fome e sede de trabalhar. É triste quando o trabalho é escravo, gerador de inúmeras doenças. 

Contudo, há essa dimensão do trabalho que é sutil, discreta, secreta, alquímica, que é a de transmutar a alma do ferro ao ouro. Epicteto, filósofo estóico, foi escravo, porém assumiu aquilo com tamanha bravura que o seu nome é reverenciado vinte séculos após. Quem era seu dono, já que ele era escravo? Alguém sabe? Quem era o dono dele? Ele mesmo. 




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