segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Primeira resposta do Astrônomo

Meu querido amigo,

Que reflexões-memórias gostosas de se ler! Suas palavras trazem à tona sentimentos e percepções que já não estavam mais tão fáceis de acessar em mim. Elas revelam com muita vivacidade as trajetórias deste Espírito que caminha em uma busca incessante por equilibrar fé e razão em si, pendendo para lá e para cá ao longo do percurso, sem jamais abandonar por completo, porém, nenhuma dessas duas potências da alma.

Por viver em busca desse equilíbrio, é também da minha índole não recusar prontamente nenhuma possibilidade de explicação, muito menos de significação, da realidade. Tenho uma predisposição natural a querer conhecer as diversas formas de se enxergar o mundo. Disso decorre uma abertura não menos espontânea a ouvir e tentar perscrutar o sentido das mais variadas formas de discurso. Acho que o fato de enxergar as falas como fotografias muito expressivas do Espírito que se serve delas está também entre as razões deste interesse particular da minha parte.

Do fato de estar aberto a ouvir, para entender, porém, não decorre que eu tenha a mesma propensão a dar ouvidos, tomando tudo o que chega a mim como verdade. A experiência foi me fazendo seguro sobre o valor de certos parâmetros de referência capazes de funcionar como filtros úteis. De forma que eu posso dedicar um longo tempo à escuta de um relato pormenorizado de uma abdução alienígena sem me convencer em absoluto de que tal evento tenha ocorrido de fato. Nem por isso terei deixado de aprender com o que ouvi...

Nesse sentido, não posso esconder de você que qualquer menção a astrologia, para mim, hoje, aciona, a priori, os filtros de valoração do conhecimento a que me referi. Supor que uma determinada configuração visual de planetas e estrelas no céu terreno, mero efeito de perspectiva desenhado por objetos tão distantes que incapazes de causar qualquer impacto verificável sobre nosso planeta, seja capaz de influenciar nossa personalidade ou, pior, nossos destinos, soa inverossímil aos meus ouvidos.

Sabedor disto, você esboça um caminho dialógico e argumentativo diferente. Recorre às metáforas euripedianas, que me são tão caras, como poderoso recurso didático que se revelam no processo evangelizador do Ser Espiritual que somos, e às similitudes hahnemannianas, que não conheço bem, mas se apresentam como uma forma muito interessante de ressignificar isso que nos acostumamos a entender como doenças. E termina acenando com as sincronicidades...

Aguardo ansioso pelos desdobramentos da argumentação. Afinal, não poderia deixar de concordar que as discrepâncias talvez sejam mais aparentes do que imanentes aos processos que vivemos. E, independente disto, bom é prosseguirmos juntos!
O Astrônomo

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